domingo, 21 de dezembro de 2008

Praça Victor Civita – Levisky Arquitetos Associados

A arquitetura reflete sua época, e nessa época onde só se fala em salvar o planeta e manter a sustentabilidade é que se encontra o projeto da praça Victor Civita desenvolvido pelo escritório Levisky Arquitetos Associados, com autoria de Adriana Levisky e Anna Júlia Dietzsch e coordenação de Renata Gomes.
O que é sustentabilidade? É construir com materiais alternativos, mais econômicos e ecologicamente corretos? É fazer um uso racional dos recursos naturais? Sim se trata disso, mas se trata de muito mais... não só reciclar o lixo, mas reciclar a própria cidade, transformar os espaços antes inutilizados e devolve-los à população.
Talvez o ponto forte da praça não seja nem sua arquitetura (que usa da madeira como um elemento acolhedor que nos remete a natureza), mas seu caráter pedagógico, que parte da escolha do lugar como uma metáfora, terreno do antigo incinerador de lixo, aliás, este é um elemento muito forte por lá, a chaminé. No prédio do incinerador foi feita uma requalificação e lá ficará um café e um museu contando sua história, sei que intervenções descascando o reboco e usando materiais metálicos são quase um clichê.. foda-se, fica bomzao!
Finalizando.. a logo é muito boa, o ícone que é a chaminé e a fumaça, formando agora uma árvore!
pracavictorcivita.org.br

sábado, 20 de dezembro de 2008

Pinacoteca do Estado – Paulo Mendes da Rocha

A intervenção de Paulo Mendes no edifício de Ramos de Azevedo é de uma sensibilidade notável, que parte da alteração da entrada original de um ponto de fluxo intenso de veículos para um ponto que privilegia o transeunte. O arquiteto descasca o edifício por inteiro, e lhe dá uma cobertura de luz, luz que faz a gente olhar igual bobo pro alto, luz que permeia e unifica todos os ambientes, o edifício é todo janelas, janelas abertas para ele mesmo! a todo o momento há um enquadramento onde se vê as outras pessoas passeando pelo prédio. As passarelas, no entanto, são o que o projeto tem de especial, permitindo ao público cruzar o edifício de uma maneira nunca antes possível, pelo ‘céu’ dos pátios.
E o banheiro?! Ah o banheiro hahaa (é isso que acontece quando se conhece o edifício durante um ENEA, essas memórias ficam pra sempre) aquele banheiro é um salvador de vidas! Me senti tão a vontade lá que até fiz a barba!

MuBE – Paulo Mendes da Rocha

Não entramos no museu, não dessa vez, eu já tinha entrado antes, mas e daí?! Pra mim ele já é genial enquanto praça, não só pela viga imensa que cria várias relações de escala e que (como tanto ressaltou Rafa Mori) canta nos pontos de apoio! ou por acompanhar o terreno, os materiais como um todo.. as grelhas metálicas o concreto ou pelo desenho do guarda corpo... O simples fato de nunca se ter feito um museu da escultura antes e Paulo Mendes propor que ele fosse, em parte, uma praça aberta, é lindo. Gosto da idéia de você cortar aquela parte do quarteirão por dentro da praça enquanto aprecia as esculturas. É triste vê-lo cercado hoje.
Quando visitei o MuBE pela primeira vez tinha chovido, e dava pra ouvir a água pingando por entre os blocos de concreto do chão e caindo abaixo, gostei daquilo, não sei porque, só sei que gostei. O MuBE é pra mim mais uma daquelas obras que tocam e deslumbram.. eu não queria ir embora.

Galeria Leme - Paulo Mendes da Rocha

Neutra, crua.. da rua parece ate um tanto apagada, pela cor cinza do concreto, de mesmo gabarito das construções vizinhas.
Ao entrar, a apreensão do espaço é quase instantânea, e ainda assim não me canso de olhar, é o tal do 'autismo' denovo! haha Luz, luz e luz, pra encher os olhos, e o concreto aparente, com as marcas do processo construtivo, sim.. não tem cor, é neutro... mas seria bondade dizer que a arquitetura não compete com a arte ali! (a artista até colocou uma lona pra bloquear a luz do zenital) Confesso que fiquei me deslumbrando com o espaço um bom tempo antes de colocar os olhos nos quadros! E as portas? As portas.. a escala das portas, é bom se sentir pequeno.. faz o mundo todo parecer bem maior!

Galeria Vermelho - Paulo Mendes da Rocha

O miolo de quadra, o “pocket place” que precede a galeria, talvez seja a melhor parte. Quebra com a monotonia que a cidade passa às vezes: rua, prédio, rua, prédio, prédio, rua, prédio... Não, ali você entra, junto com a calçada e cai num espaço que não é dentro, mas também não é fora, não é rua, mas também não é prédio, senti conforto, acolhimento (parecia a vila do Chaves! haha). Remeteu-me a proposta de TFG do meu amigo Henrique, é assim... por mais que a gente veja, argumente e concorde, é vivendo a arquitetura que podemos refletir sobre a pertinência de certas propostas.
Bom, depois da “praça” a pergunta.. “Ué? não era vermelho?!” haha acho q acometeu todo mundo! A graça da galeria propriamente dita, é ver 3 projetos integrados, 2 a cargo de Paulo Mendes da Rocha, e o último de Héctor Zamora (este não da galeria mas da casa do artista). Particularmente o segundo projeto de galeria me agradou mais.. mais claro e longilíneo, proporciona uma percepção do espaço mais imediata, achei tanto a primeira galeria, quanto a casa do artista, um tanto labirínticas.
É um lugar legal, saí de la com um monte de bugiganga! www.galeriavermelho.com.br/

Edifício Harmonia – TRIPTYQUE ARQUITETOS

Começou pelo portão camarão... que legal! Passando por ele dei meus primeiros passos pra dentro daquele prédio, como todo estudante de arquitetura é ‘altista’ lá estava eu olhando pro alto, e ao meu redor. A imagem que me veio em mente na hora, foi a daqueles paredões de pedra, como de cachoeiras que em cada fresta na rocha vão nascendo todo o tipo de planta... imaginei a água pulverizada pelos sprinklers, a mesma água da cachoeira q bate nas pedras e sobe como uma nuvem de gotículas. Se o concreto, elemento essencialmente urbano, conseguiu me transmitir tamanha Harmonia com a natureza, a ponto de eu associá-lo a uma paisagem natural, porque não pensar que nossas cidades possam nos transmitir esse mesmo conforto? As aberturas do prédio em si proporcionam enquadramentos o tempo todo, tanto da cidade, quanto do próprio edifício.
O mais legal talvez seja a iniciativa de um escritório novo, de propor e construir um edifício, sem um pedido, talvez seja disso que precisamos. Por fim, o edifício Harmonia me deixou feliz: “eh perninhas, ainda bem q eu tenho vocês”.

FAU - USP



Acho que a minha primeira visita à FAU talvez tenha sido a mais mágica por assim dizer. Não há nada como o olhar de primeiridade, e digo primeiridade meeesmo! Eu não conhecia a FAU nem mesmo por fotos.
Fui chegando e percebendo o prédio de longe, me lembro de ter pensado: “mais um brutalista!” enquanto me concentrava em imaginar o que se passava na cabeça da garota emburrada que caminhava à minha frente. Eu não contava com o que viria em seguida: Luz, muita luz, e um bando de bobões olhando boquiabertos para o alto e adquirindo torcicolo! Não entendia muito bem os porquê, mas era belo, simplesmente, me emocionava. É dito que a beleza não habita o objeto nem o sujeito, mas a relação entre eles, havia beleza ali, a beleza alimenta a alma.
Me dediquei a explorar cada canto daquele edifício, a integração dos espaços era fantástica.
Já na segunda visita, entendi como certas coisas necessitam de um repertório, pude apreender melhor outros aspectos do prédio. Fomos apresentados a seus defeitos e me explicaram porque ele surpreende tanto: era a escala do uso do concreto, mas o belo tem mesmo explicação? E por aí me perdi na explicação enquanto observava as rampas, os estúdios, e nossas queridas futuras colegas de profissão!